A natureza pode ser muito cruel com um filhote de pássaro. A urgência de aprender a voar para evitar predadores é o que acelera o processo de aprendizado de bater asas. No entanto, para desaprender aquilo que te mantém vivo é muito difícil e raro.
E no futebol, encontramos um desses casos extremamente raros. O pássaro do ABC Paulista alçou vôos tão altos no início dos anos 2000 que, assim como o conto de Ícaro, não teve o final esperado.
Em meio a uma selva de leões, tigres, baleias e urubus, um singelo pássaro azul se destacou. Ainda que esse brio todo não tenha tido a oportunidade de colocar uma coroa de rei da selva em sua cabeça. Sempre faltava um pouco, um detalhe para sair do quase. Três anos, três vôos que almejavam encostar no que há de mais brilhante. Mas não voltou com o brilho dourado nas mãos, apenas com o prateado e, mesmo assim, mantinha a esperança viva.
O pássaro que, com o passar do tempo, desaprendeu a trazer prazer para aqueles que sempre estiveram lhe acompanhando. Teve suas asas cortadas pelo tempo. O pássaro parou de voar.
Essa foi uma crônica produzida após a confirmação do rebaixamento do São Caetano para a A4. Os torcedores torcem para o pássaro voar alto novamente.