TJD: acordo com o São Paulo gera mal-estar interno

O Tribunal de Justiça Desportiva tem membros com opiniões adversas após o procurador-geral da instituição negociar as punições recebidas por atletas e membros da diretoria tricolor após o incidente no fim da partida contra o Palmeiras, na 11ª rodada do Paulistão, diretamente com o clube. Ao invés dos infratores serem suspensos, receberam multas em dinheiro e puderam se apresentar na disputa das quartas de final contra o Novorizontino, quando o SPFC foi eliminado.

Responsável pela maior das infrações (R$ 50.000), o diretor de futebol Carlos Belmonte teve que gravar um vídeo pedindo desculpas após ofender os árbitros e se referir ao treinador do Palmeiras, Abel Ferreira, como “português de m****” e não pode comparecer ao jogo decisivo. Os outros punidos totalizaram R$ 155.000 em multas, sendo os jogadores Calleri, Rafinha e Wellington Rato, mais o presidente Júlio Casares, o diretor adjunto Fernando Bracalle Ambrogi e o auxiliar técnico Estéphano Dijan. Normalmente, a pena seria a suspensão de uma a seis partidas.

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Segundo reportagem da Gazeta Esportiva, o procurador-geral do TJD, Wilson Marqueti Júnior, teria conversado em contato direto com a diretoria do São Paulo para fazer o acordo, antecedendo até mesmo uma denúncia oficial do próprio tribunal, ato irregular pelo regulamento do órgão. Fontes afirmam que outras figuras não aprovaram a forma como Wilson lidou com a situação.

Quando questionado, o presidente do TJD, Antonio Assunção de Olim relatou que deu sinal verde para os atos do procurador, que teria “feito tudo” e pedido autorização para dar procedimento no caso:

“Foi feito (o acordo) e acabou. Quem fez foi o procurador (geral). O procurador (geral) fez um acordo de uma multa de R$ 205 mil. O Belmonte teria que gravar um vídeo pedindo desculpa. Foi tudo feito. O procurador fez, me ligou e falou: ‘Olha, estou fazendo um acordo. Tudo bem?’. E eu disse que tudo bem. Depois, mandou no Pleno para algum auditor assinar e acabou. Vale o acordo. Foi o que foi feito. O Marqueti fez tudo e eu dei sinal verde”

O São Paulo Futebol Clube preferiu não se pronunciar sobre o caso, tratando-o como encerrado.

O rival Palmeiras mostrou grande descontentamento com o acordo, enxergando “com indignação o acordo entre São Paulo Futebol Clube e Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) homologado no dia 12. Diante da gravidade dos fatos ocorridos após o jogo realizado em 3 de março, no Morumbi, era de se esperar que ao menos atletas e dirigentes denunciados fossem julgados.” A presidente do ‘Palestra’, Leila Pereira, chegou a comentar a situação no programa Mais Você, apresentado por Ana Maria Braga: “Pedidos falsos de desculpas”.