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TSP Crônicas: as dores do adeus

Créditos: Getty Images

Publicados 7 meses atrás em 18 de maio de 2024
Por: Mário Afonso Pontieri

Sou um torcedor que gosta do futebol raiz, confesso. Por uma questão sentimental, minha, me agrada mais um embate da série A2 do Campeonato Paulista do que um grande clássico da Champions League. Por essa razão, sempre fui adepto da numeração clássica em campo. Para mim, 12 sempre foi número de goleiro reserva. E como é bom estar errado.

Depois de 12 anos defendendo uma mesma meta, Setecentos e 12 jogos depois, o número 12 mais número 1 da história do Corinthians (quiçá do futebol) se despede de uma torcida que o ama. E se alguém ousar julgar que é uma bobagem falar em amor quando se fala em futebol, não é nem sobre futebol que esse alguém precisa aprender, é sobre amor.
Tem uma bandeira no canto do meu quarto, ela é grande, mas estampada está os punhos cerrados de um gigante. Algumas pessoas encontram sentido na vida em uma bandeira a defender. Muitas bandeiras são perigos sociais, por isso que é bonito ver quando a bandeira é o time do coração. A bandeira no canto do quarto também, do gigante time para o meu coração, com o gigante goleiro que fazia minha mãe me abraçar no momento de uma grande defesa: “Vai Cassião!”.

Na noite de 17 de maio de 2024, minha mãe chorou. Meu peito então doeu… a dor da minha mãe, parecia solitária, mas encontrava coro no também estado de luto de grandes amigos meus, assim como no luto de um menino que na TV eu vi chorar. “Bom… não sei os outros, mas eu vou continuar torcendo por ele no time em que ele estiver” foi a maneira que minha mãe encontrou para o luto passar, o abraço do gigante, por sua vez, foi o consolo daquele menino na TV a chorar.

O gol, depois de 12 anos, fica um pouco mais vazio agora que o número 12 vai embora para uma nova jornada. Sua anteriorior jornada, por sua vez, cruzou a minha em Dois mil e 12, quando suas atuações me incentivaram a vibrar e a me emocionar. 2012 foi o ano que me marcou por um título inédito que o meu coração corintiano tanto almejava. O título, no entanto, veio com cara e cabelos compridos (e com uma faixinha na testa também) e preenchia uma garganta feliz a gritar, e que agora em um momento de partida, relembra a poesia que há no salto de um goleiro, que precede a explosão de um torcedor a vibrar, e agora, saudoso, a chorar.

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