O Corinthians inicia a janela de transferências com um desafio claro: manter o equilíbrio entre reforçar o elenco e segurar os principais jogadores diante do interesse de clubes europeus. Essa é a visão do executivo de futebol Fabinho Soldado, responsável por conduzir negociações e garantir a permanência dos atletas no clube.
Em entrevista exclusiva ao ge, concedida no dia 6 de junho, Fabinho falou sobre as necessidades do Timão, as características do reforço buscado e o trabalho para lidar com propostas externas. O executivo também fez um panorama do momento financeiro do clube e comentou sobre a relação com os jogadores que têm despertado interesse do mercado internacional.
“Temos que ser criativos”
Fabinho Soldado reconhece que o elenco tem carências, mas destaca a importância de encontrar soluções inteligentes e viáveis dentro da realidade financeira do Corinthians.
“Estamos entendendo um pouco melhor o orçamento do clube, todos sabem que estamos passando por um momento delicado em relação ao financeiro e precisamos nos preparar de todas as formas”, explicou.
Ele ressaltou o trabalho conjunto com o treinador Dorival Júnior e a equipe de análise de jogadores para identificar necessidades e oportunidades no mercado.
“É o que falo para o departamento de scout: temos que ver jogadores que tenham investimento e ver jogadores que são oportunidades e estão em final de contrato. Essa é a nossa busca, não dá para se fechar só em uma situação. Fazer a aquisição de reforços seria maravilhoso, mas não é assim. Mais uma vez, temos que ser criativos. O departamento está preparado, capacitado para trabalhar em todas essas frentes.”
Um extremo com velocidade e drible
Sobre o perfil do reforço buscado, Fabinho foi claro ao indicar que a prioridade é a contratação de um ponta com características específicas.
“A posição que realmente podemos falar é a de um extremo, um ponta. Já era uma necessidade antiga nossa. O resto é analisar o momento, possibilidade, caso a caso e o que for acontecer. Eu gostaria de reforçar o elenco o tempo inteiro, mas precisamos saber que para reforçar você precisa investir. Tem a folha, você não pode sair (do orçamento).”
Questionado se o jogador procurado seria alguém semelhante ao estilo do Wesley, ele confirmou:
“Sim, estamos buscando um jogador com características parecidas com essas que você citou. Não é fácil achar.”
Jogo duro com interessados e foco na manutenção
Fabinho Soldado destacou que alguns atletas do Corinthians têm mercado e podem receber propostas, mas frisou que o clube fará um “jogo duro” para negociar.
“Yuri Alberto, Memphis, Breno Bidon, Rodrigo Garro são jogadores que certamente têm mercado. É claro que deve aparecer alguma coisa, mas não chegou nada para sentarmos e conversarmos. Para um clube sentar conosco e levar algum dos jogadores desse nível tem que valer a pena. Essas propostas não chegam toda hora porque não é qualquer clube que tem condições de fazer isso”, alertou.
Sobre o futuro do atacante Memphis Depay, alvo frequente de especulações, o executivo foi categórico:
“Não posso ficar preocupado com uma situação que não chegou. Sei que as informações são disparadas para vocês (jornalistas), mas eu estou todos os dias com o Memphis aqui no CT. Ele nunca demonstrou insatisfação, nunca me chamou para falar nada. Se acontecer em algum momento, e falo isso para todos, vamos ter que sentar e ouvir. Não chegou nada para o Memphis. Você fala de especulação, mas como vou comentar isso? Não chegou nada.”
Ele reforçou ainda a necessidade de estar preparado para qualquer situação:
“Uma das minhas funções como executivo de um grande clube como o Corinthians é estar preparado para tudo o que pode acontecer. Se chegar algo inesperado, precisamos ter a habilidade e o conhecimento para tomar as decisões. O futebol é muito dinâmico. Estamos falando de uma situação agora que pode ser outra daqui algumas horas. Preciso estar preparado, antenado e atento para ter a solução para uma demanda que a gente não está esperando, mas pode surgir no meio do caminho.”
Sobre renovação contratual e mercado
Fabinho admitiu que ainda não há conversas abertas sobre renovação contratual com Memphis, mas que o momento para tratar disso vai chegar.
“Não é o momento de falar sobre isso. Ainda não, mas é uma situação que já já precisaremos olhar. Não só com ele, mas há outros aqui que precisamos sentar e debater no momento certo.”
Perguntado sobre a suposta oferta de 35 milhões de euros do Wolverhampton pelo Yuri Alberto, o executivo negou qualquer negociação em andamento:
“Só vai mudar quando chegar algo. Vamos combinar que na janela passada vocês receberam a mesma informação: ‘vai chegar proposta’. Estou falando a verdade, isso é especulação. É claro que sabemos que é um jogador com alto valor de mercado, que os europeus estão acompanhando. Basta ver o quanto de gols ele faz, a minutagem em campo, a idade dele, a importância para o Corinthians. Mas, ele mesmo expressou o desejo de renovação.”
Permanência no Corinthians e próximos passos
Questionado sobre o interesse do Santos, Fabinho explicou a decisão de permanecer no clube.
“Sou agradecido ao Corinthians, acredito no trabalho que está sendo desenvolvido aqui. Você ter seu trabalho reconhecido fora é gratificante. Tenho contrato, estou feliz no clube, minha família ama morar em São Paulo, minha filha tem amizades aqui. Isso pesa, você cria raízes. Minha família vai aos jogos na Arena, você se envolve com o torcedor, com a cidade.”
Sobre os planos imediatos, o executivo reforçou a confiança no elenco e na comissão técnica.
“Continuar evoluindo. O torcedor tem dúvida do que está sendo feito? Tenho certeza que esse grupo vai buscar coisas boas e importantes neste ano. Tenho um treinador que estava até ontem na Seleção Brasileira, o nosso elenco é muito bom. O que foi feito de lá para cá, foi uma reconstrução do elenco. Nesse processo alguns não se adaptam, o que é normal. Até dezembro e esse time até dezembro de 2026 vai buscar coisas importantes. Olha para o Corinthians de janeiro de 2024 e olha o Corinthians de janeiro de 2025.”
Por fim, ele destacou as metas para o Brasileirão.
“Precisamos melhorar a cada ano. Todo ano tem que ser melhor do que o outro. É inadmissível o que aconteceu no Brasileirão de 2024, o Corinthians não pode brigar pelo o que brigou. É difícil projetar, não vou dizer que vamos brigar para ser campeão. Temos condições de ficar em uma posição melhor do que estamos e surpreender no campeonato. Precisamos deixar muito bem conversado e alinhado com o torcedor que se não tiver planejamento e estrutura não tem resultado. Sei que é uma conversa chata para caramba, mas o Corinthians vai ter que fazer. Sei que a torcida quer a Libertadores, mas para isso tem que disputá-la todos os anos. Temos que melhorar os processos.”
