A contratação do meia Luiz Eduardo, ex-Água Santa, gerou preocupação nos bastidores do Corinthians. Isso porque o acordo que levou o jogador ao Parque São Jorge contou com a participação direta da empresa Unique Sports & Management, que detém parte dos direitos econômicos do atleta, algo proibido pelo regulamento de transferências da FIFA.
Participação de terceiros levanta suspeitas
O valor da transação foi de R$ 3,5 milhões, pagos não pelo clube, mas por Igor Zveibrucker, empresário ligado à Unique. Segundo Flávio Portella, sócio da empresa, a negociação foi feita diretamente com o Água Santa, e o repasse garantiu à Unique um percentual em caso de venda futura. “Nós receberemos uma parte desses 50% do Água Santa, se não me engano, 20%”, afirmou em entrevista à Gazeta Esportiva.
Com isso, a divisão dos direitos de Luiz Eduardo ficou assim:
Corinthians: 50%
Água Santa: 30%
Unique Sports & Management: 20%
Violação do regulamento da FIFA
O artigo 18ter do Regulamento de Status e Transferência de Jogadores da FIFA proíbe terceiros, pessoas físicas ou jurídicas que não sejam clubes ou o próprio atleta, de deterem qualquer percentual de direitos econômicos relacionados a transferências futuras. A FIFA baniu a prática, conhecida como third-party ownership (TPO), em 2015.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) segue o mesmo entendimento. A entidade obriga os clubes a enviarem os contratos completos que envolvam direitos econômicos de jogadores. O artigo 61 do Regulamento Nacional de Registro e Transferência de Atletas de Futebol proíbe expressamente esse tipo de acordo.
Corinthians e Água Santa correm risco de punição
Mercado de empresários ainda levanta dúvidas
Empresários seguem lucrando com o futebol por meio de comissões e empréstimos a clubes, o que é permitido desde que dentro das normas. Um exemplo disso é o agente Giuliano Bertolucci, que tem a receber mais de R$ 78 milhões do Corinthians. Deste total, R$ 24 milhões referem-se a empréstimos e o restante a intermediações de atletas como Ramiro, Paulinho e Matheuzinho.
No caso de Luiz Eduardo, a ligação entre a empresa e os direitos econômicos do atleta pode custar caro. A CBF já exige que os clubes encaminhem todos os contratos relacionados a cessões de percentuais, e o Corinthians pode acabar sendo investigado, junto com o Água Santa, por descumprimento das regras.
Mesmo em meio à necessidade de reforçar o elenco e movimentar o mercado, o clube agora pode ter que responder fora de campo por uma negociação que viola um dos pontos mais sensíveis da regulamentação internacional.