Com dificuldades financeiras e ameaçado por novas punições, o Santos tenta conter o avanço de três dívidas internacionais que, somadas, chegam a R$ 43,7 milhões. A estratégia do clube é recorrer ao Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) para ganhar tempo, evitar transfer bans e manter a possibilidade de registrar reforços nesta janela.
Caso João Basso: pressão do Arouca
A pendência mais imediata envolve o zagueiro João Basso. A Fifa condenou o Santos a pagar 2,5 milhões de euros (aproximadamente R$ 15,9 milhões) ao Arouca, de Portugal. Para tentar barrar o transfer ban, o clube acionou o TAS, o que provocou reação negativa do Arouca. Joel Pinho, diretor-geral do clube português, classificou o recurso como uma tentativa de adiar o pagamento.
Mesmo com a crítica, o Santos defende o direito de esgotar as possibilidades jurídicas. O julgamento no TAS deve ocorrer apenas em 2026, o que dá tempo ao clube, ao menos nesta janela.
Monaco cobra por Jean Lucas
Outro caso que preocupa a diretoria envolve o volante Jean Lucas. O Santos também foi punido pela Fifa, que determinou o pagamento de 2 milhões de euros (R$ 12,8 milhões) ao Monaco, da França. O clube aguarda o envio do documento com os fundamentos da condenação para, então, apresentar recurso ao TAS.
O departamento jurídico acredita que, com o trâmite em curso, não haverá punições imediatas que impeçam o clube de se movimentar no mercado.
Disputa com Caixinha vai à Fifa
A terceira dívida em discussão diz respeito à comissão técnica de Pedro Caixinha, demitida em abril. O treinador português e seus auxiliares levaram o caso à Fifa, cobrando R$ 15 milhões em multas rescisórias. O Santos propôs o parcelamento até 2026, mas não houve acordo. O julgamento está marcado para agosto. Caso o clube seja condenado, um novo recurso ao TAS também está previsto.
Dívidas internas e rombo crescente
No cenário nacional, o Santos firmou um plano de pagamento com a Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), da CBF, para quitar R\$ 42 milhões. Até o mês passado, o clube pagou apenas R\$ 2 milhões.
O clube vive um cenário delicado: em 2024, o déficit contábil ultrapassou os R$ 105 milhões e a dívida total atingiu R$ 977 milhões. No ano passado, a diretoria enfrentou três transfer bans – resolvidos após pagamentos relacionados ao técnico Fabian Bustos, seu auxiliar e o clube russo Krasnodar.
Esperança em meio ao caos
Apesar das limitações, o Santos segue ativo no mercado e projeta reforçar o elenco para reagir no Campeonato Brasileiro. A diretoria aposta no uso estratégico do TAS para evitar bloqueios e manter a competitividade mesmo em meio a uma das maiores crises financeiras de sua história.