O técnico Dorival Júnior não poupou críticas ao desempenho do Corinthians na derrota por 2 a 0 para o São Paulo, neste sábado, 20, no Morumbis, pela 15ª rodada do Brasileirão. Após sofrer dois gols ainda no primeiro tempo, ambos marcados por Luciano, o Timão não conseguiu reagir e amargou um revés que acende o alerta.
Primeiro tempo abaixo do esperado
Dorival destacou a apatia do time nos primeiros 45 minutos e disse ter visto um Corinthians “irreconhecível”, com uma postura “inaceitável” dentro de campo. Para o treinador, faltou intensidade e disposição na marcação.
“Quando falta energia para marcação, combate, encurtar, tirar espaço e condição do adversário girar a bola, você vai sofrer sempre. Foi o que aconteceu, primeiro tempo por falta dessa postura, de agredir o adversário encurtando caminho e pressionando a saída de bola. Não fizemos e pagamos preço alto. É inaceitável acontecer da forma que aconteceu. Quando você não tem o fator energia, ajudando, encurtando espaço, você proporciona ao adversário jogar”, afirmou.
Mudanças no intervalo
Na volta do intervalo, Dorival promoveu três substituições de uma vez: sacou Memphis Depay, Félix Torres e José Martínez para as entradas de Gui Negão, Raniele e Léo Mana. O treinador justificou que a troca do atacante holandês foi uma decisão puramente técnica.
“É técnica, exclusivamente técnica, apenas isso, foi necessário e tivemos que alterar, qualquer um pode sair, independentemente de nome, preciso que todos cumpram funções. Se não tivermos energia para cumprirmos, tenho que alterar”, explicou.
“Eu tinha que fazer algo dentro do que estava observando, tirei três, poderia ser cinco ou seis. Não foi um primeiro tempo do padrão que esperamos de uma equipe como essa”, completou.
Memphis, inclusive, não retornou ao banco de reservas no segundo tempo. Questionado sobre o comportamento do jogador, Dorival disse não ter percebido.
“Eu não vi isso aí, estou com atenção no jogo, vou tentar me informar a respeito dessa decisão. Os jogadores tomam cada um as suas decisões, é uma decisão individual de cada um”, disse.
Sem energia, sem reação
Dorival reforçou que o maior problema do Corinthians foi a falta de energia coletiva para competir.
“Energia, faltou energia e você vai abrindo espaço. E aí é efeito dominó. Garro não tinha obrigação da marcação dos zagueiros, ele ficava atrás, com homens do meio. Eles tinham espaço no meio, batia lá fora e não tinha como neutralizar. Na falta de energia para o combate, eles tiveram liberdade de movimento, coisa que aconteceu com o Corinthians em muitos jogos. Hoje o São Paulo mereceu e fez 2 a 0 no primeiro tempo”, analisou.
Esquema tático e críticas ao desempenho
Mesmo mantendo o esquema utilizado nos jogos anteriores, o Corinthians não conseguiu repetir o padrão. Dorival admitiu que a equipe esteve muito abaixo e que faltou força até para executar o plano de jogo.
“Foi o mesmo esquema que jogamos a partida anterior, pode ser o esquema tático que for, se não tiver força, energia, não terá êxito. Um posicionamento ou outro pode ter interferido, de repente individualmente o atleta não estar em grande noite, o treinador não tomar grandes decisões, pode ser. Mas se não tiver energia e força não supera o adversário. Hoje estivemos abaixo no primeiro tempo e fomos penalizados pelo que deixamos de fazer”, reconheceu.
Clima interno e respaldo no cargo
Dorival evitou comentar sobre a atitude de Memphis fora do banco e deixou claro que situações internas são tratadas longe dos microfones.
“Não vou falar individualmente de jogadores, eu falo internamente com atleta, se tiver que fazer correção ou dar incentivo, parabenizar por alguma atitude, faço internamente, não vou expor o atleta em qualquer condição que for”, afirmou.
Questionado se se sente respaldado no cargo, respondeu:
“Primeiro que no Brasil você não tem essa condição de estar tranquilo em sentido nenhum, em equipe nenhuma. Quem avalia meu trabalho está aqui, diretor de futebol e presidente. Essa pergunta devia ser dirigida a eles. Estou desenvolvendo meu melhor no Corinthians, buscando correções. Temos que encontrar caminho que nos dê sustentação e segurança maior. Na grande maioria de times que passei não tive esse problema, estou tendo de enfrentar agora. Temos de conviver e trabalhar para que a recuperação aconteça”, afirmou.
Próximo desafio
Com 19 pontos e ocupando a nona colocação na tabela, o Corinthians volta a campo na próxima quarta-feira, 24, quando recebe o Cruzeiro, na Neo Química Arena, pela 16ª rodada do Brasileirão. O time busca uma reação para voltar a sonhar com a parte de cima da tabela e espantar a instabilidade que tem marcado a temporada.