Tricolor afasta profissionais do departamento físico e inicia ampla reestruturação em meio à pressão política e crise de bastidores
Foto: José Edgar de Matos/geO São Paulo vive mais um momento de forte tensão interna após iniciar, finalmente, uma ampla reestruturação nos departamentos físico, médico e de apoio. A decisão, que vinha sendo cobrada há meses pela torcida, ganhou força no fim de 2025 e abre um novo capítulo de desgaste político no clube, às vésperas das eleições de 2026.
De acordo com informações obtidas nos bastidores, o Tricolor promoveu uma verdadeira varredura no CT da Barra Funda: sete profissionais foram desligados, atingindo áreas diretamente responsáveis pelo condicionamento físico, recuperação de atletas e rotina operacional da equipe. A ação ocorre após uma temporada marcada por um número alarmante de lesões, críticas à preparação física e falhas de gestão interna.
Entre os setores afetados, estão o departamento médico, massagistas, roupeiros e colaboradores da segurança. Embora a diretoria não tenha tornado pública a lista completa, pessoas próximas ao clube confirmam que o movimento foi amplo e impactou camadas essenciais do funcionamento interno. A avaliação é de que o São Paulo já vinha atrasado na tomada de decisões estruturais.
A reorganização também alcançou a parte técnica. Lucas Silvestre, auxiliar da comissão permanente, passou a integrar as movimentações internas após a chegada de Hernán Crespo e seu grupo de trabalho. O clube ajusta setores inteiros, tentando modernizar processos que ficaram estagnados ao longo do ano — um pedido antigo da torcida e de especialistas.
No nível diretivo, o presidente Julio Casares, pressionado pela crise e pela sequência de erros estratégicos, admitiu que prepara mudanças na gestão do futebol. Ele já trabalha para substituir Carlos Belmonte, responsável pelo departamento, reforçando que uma reformulação mais profunda deve ocorrer nos próximos meses.
Apesar de apresentada como parte do planejamento para 2026, a intervenção revela um clube que demorou a agir. A busca por novos profissionais, a tentativa de corrigir falhas estruturais e o esforço para melhorar o ambiente de trabalho surgem como medidas urgentes — mas tardiamente aplicadas.
Com as mudanças, o São Paulo tenta abrir espaço para um novo ciclo. A torcida, porém, reage com cautela: reconhece que a “faxina” interna era indispensável, mas espera que, desta vez, a diretoria transforme discursos em resultados, dentro e fora de campo, para recuperar a confiança perdida.