Jogadores anunciam greve amparados pela Lei Geral do Esporte e cobram quitação de débitos que chegam a sete meses
Foto: Marcos RibolliO ambiente fora de campo da Ponte Preta ganhou contornos ainda mais delicados neste fim de semana. Jogadores do elenco profissional decidiram interromper as atividades a partir da próxima segunda-feira, 22, em protesto contra o não pagamento de salários, férias, 13º e direitos de imagem. A decisão foi comunicada em nota oficial divulgada nas redes sociais dos atletas.
A paralisação já teve efeito no jogo-treino que seria realizado contra o Rio Branco e foi cancelado a pedido dos próprios jogadores. No comunicado, o grupo, que reúne remanescentes do elenco campeão da Série C e reforços recém-chegados para 2026, afirma que há casos de atrasos acumulados por até sete meses.
A medida adotada pelos atletas tem respaldo legal. O elenco cita o parágrafo 5º do artigo 90 da Lei Geral do Esporte, que autoriza o jogador profissional a suspender suas atividades quando os salários estiverem atrasados por dois meses ou mais. Representante jurídico dos atletas, o advogado Filipe Rino explicou que a decisão está plenamente dentro da lei.
Procurada pelo GE, a assessoria de imprensa da Ponte Preta confirmou que o cancelamento da atividade foi solicitado pelos jogadores e informou que o clube compreende a insatisfação do grupo. Ainda segundo a versão oficial, um valor que seria utilizado para reduzir parte das pendências financeiras não foi liberado na última sexta-feira por motivos externos à diretoria. Um novo prazo para o pagamento parcial teria sido estabelecido entre os dias 22 e 23 de dezembro.
Os atrasos financeiros passaram a fazer parte da rotina alvinegra desde junho, quando bloqueios judiciais afetaram as contas do clube. As pendências atingem não apenas o elenco profissional, mas também funcionários do centro de treinamento, do estádio Moisés Lucarelli e das categorias de base, que ainda aguardam, inclusive, o pagamento do 13º salário.
O cenário de incerteza já provocou baixas no elenco. O lateral Léo Oliveira, que tinha contrato para 2026, optou pela saída após novos prazos não serem cumpridos. Outro caso foi o do atacante Gabriel Inocêncio, que deixou o clube poucos dias após a apresentação, citando insegurança financeira e aceitando proposta do Botafogo-SP.
Desde a posse do novo presidente, Luiz Antônio Torrano, no início de dezembro, ainda não houve uma reunião direta com todo o elenco. O diálogo com os jogadores tem sido conduzido pelo vice-presidente e diretor de futebol Marco Antonio Eberlin, além do coordenador João Brigatti e do gerente Ricardo Koyama.
Enquanto a situação não é resolvida, o clima segue de apreensão no Majestoso, e novas saídas não estão descartadas caso as pendências continuem sem solução.