Após a derrota do Santos por 2 a 1 para o Internacional, na Vila Belmiro, o técnico Cleber Xavier adotou um tom sereno e compreensivo. Diante das vaias e dos protestos de mais de 11 mil torcedores, o treinador santista afirmou entender as críticas, mas reforçou que o momento pede união e responsabilidade compartilhada.
“A culpa é de todos. Do treinador, primeiro, responsável nas vitórias e nas derrotas, e também do elenco”, afirmou Xavier, sem se esquivar das críticas.
Mesmo com maior volume de jogo e chances claras desperdiçadas, o Peixe não conseguiu evitar mais um tropeço em casa. O Santos criou boas oportunidades com Deivid Washington e Neymar, mas foi castigado em um contra-ataque logo no início da partida. No segundo tempo, o time pressionou e ainda acertou duas bolas na trave, além de exigir defesas importantes de Rochet.
“Tivemos duas situações de gol no início, e tomamos o gol na sequência do contra-ataque. Teve um desequilíbrio natural pela necessidade de buscar o resultado. Criamos com o Deivid Washington no poste e o cabeceio do Neymar. O Inter no segundo tempo teve duas chances, nós criamos mais. Tivemos volume, mais posse de bola, mais duas bolas no poste e duas defesas importantes do Rochet.”
A equipe ainda esboçou uma reação com um gol de Barreal nos acréscimos e quase arrancou o empate nos minutos finais. Neymar chegou a balançar as redes, mas o VAR confirmou que a bola não ultrapassou totalmente a linha.
Protestos e postura da torcida
Sobre os protestos da torcida, inclusive com Neymar discutindo com um torcedor, Cleber preferiu não polemizar. Para ele, a manifestação faz parte do direito do público.
“Não posso falar nada sobre o torcedor. Ele está no direito, está na casa dele. Ele apoia e quando perde cobra e elege alguns culpados.”
Análise tática e desempenho
Xavier também comentou sobre as decisões durante a partida, como a escolha por Escobar em vez de Igor Vinícius e a entrada de jovens no segundo tempo.
“Falar do jogo de hoje, sobre o Igor. Opção do Escobar, que vinha bem. Estava para fazer a substituição antes do gol pelo desgaste. Infelizmente, a substituição acontece logo após o gol, como foi com o Mirassol. Tiquinho é questão de treino. Luca Meirelles tem treinado bem e a gente optou por ele.”
A principal preocupação do treinador, no entanto, tem sido a baixa efetividade ofensiva, mesmo com um bom volume de jogo.
“Falo em trabalhar as movimentações ofensivas, está na construção e no último terço. Criamos, a gente está, hoje finalizamos, mas não fomos efetivos. O jogo esteve à mercê para matarmos, mas não fizemos. Temos que trabalhar, evoluir. É muito pouco fazer dois gols em três jogos. Vamos seguir trabalhando para melhorar.”
“A consistência defensiva no jogo contra o Mirassol incomodou mais. Nos primeiros gols não fomos bem. No jogo de hoje, tomamos um contra-ataque e uma situação de pênalti que é natural. O Inter chegou pouco, e quando chegou nós contemos. A questão ofensiva nos preocupa mais. Contra o Flamengo fomos efetivos. Não jogamos bem contra o Mirassol, e hoje faltou efetividade. Isso é mais preocupante que o processo defensivo.”
Juventude e ajustes
Cleber destacou ainda o papel dos jovens que entraram no decorrer da partida e o cuidado necessário com a transição dos garotos.
“Se não conduzirmos bem, não conversar com eles, sim. Mas temos conversado, trabalhado. Perdemos o Guilherme cedo, que é importante, que ataca espaço. O time ficou mais sem esse movimento. Barreal tem outra característica. Bontempo era para ter uma penetração maior, tem mais que o Zé. Entrou bem. O Luca e o Robinho também. O lado direito estava desgastado, sem efetividade. O Igor e Vinícius tiveram boas ações por ali.”
Sobre o Inter, Xavier elogiou a postura da equipe gaúcha e sua eficiência nas transições.
“O Inter é isso mesmo. Marca bem, tira espaços por dentro, aproveita as transições com Wesley, Borré e com Bernabei. Era um jogo arriscado. Nessa situação tomamos um gol. Eles foram efetivos no contra-ataque. Mas foram poucas ocasiões, nós colocamos o Inter em baixa. Fora o gol, o Inter teve duas ou três chances só em contra-ataque.”
Neymar, Rollheiser e o caminho a seguir
O treinador falou também sobre a utilização de Neymar e Rollheiser, e reafirmou a necessidade de tempo para dar identidade à equipe.
“Futebol é tentativa, erro e acerto. Trabalharam bem por dentro contra o Botafogo. Mudei contra o Flamengo, não foram bem contra o Mirassol. Hoje tive o Deivid atacando por dentro e o Rollheiser pela direita. É questão de trabalhar e evoluir. Tenho 11 ou 12 jogos.”
“Quando peguei era uma equipe, tivemos chegadas e saídas e é normal que demore para ter a cara. Você perde jogadores por lesão e por cartão. Hoje retornei a mudança com a saída do Barreal e o Rollheiser pelo lado. Hoje, fisicamente melhor, consegue fazer bem.”
Por fim, ao ser questionado se Deivid Washington passa a ser a principal peça ofensiva do Santos, Cleber foi cauteloso:
“Ele é uma das opções. Vamos analisar com calma amanhã, trabalhar na sexta e definir a equipe.”
Próximo compromisso
Com 14 pontos e ainda dentro da zona de rebaixamento, o Santos volta a campo no próximo sábado, 27, às 18h30, para enfrentar o Sport, na Ilha do Retiro, pela 17ª rodada do Brasileirão.
Confira a classificação do Peixe no Brasileirão