Alê Favrin detalha suas funções como analista da Ponte Preta

Ele detalhou as três grandes frentes de atuação do cargo e contou como é trabalhar com treinadores de perfis e gerações bem diferentes, do Água Santa finalista do Paulistão ao projeto atual da Macaca.

Por: André Victor Lima e Silva
12 horas atrás em 19 de novembro de 2025



No episódio 106 do Exclusiva TSP, Alê Favrin abriu o jogo sobre o dia a dia como analista de desempenho da Ponte Preta. Ele detalhou as três grandes frentes de atuação do cargo e contou como é trabalhar com treinadores de perfis e gerações bem diferentes, do Água Santa finalista do Paulistão ao projeto atual da Macaca.





As três vertentes da análise







Favrin começou explicando que a análise de desempenho não se limita a cortar lances e montar vídeos. Segundo ele, o trabalho se divide em três eixos principais:






“A análise ela vem de três vertentes, da análise da própria equipe, onde nós ali junto com o treinador, com toda a comissão técnica, avalia o desempenho da equipe, entendendo também se o clube tem um modelo de jogo, um conceito de jogo, e também o treinador que chega, nós ali respeitando também os conceitos do treinador. Então a análise da própria equipe ela gera em função de estar avaliando a nossa equipe através de drone, através de filmagens e discutindo com a comissão sobre isso.”






Além de avaliar o próprio time, o departamento olha constantemente para o mercado:






“Na análise de mercado, nós monitoramos todo o mercado, seja ele internacional ou nacional, de série A, B e C, para entender que jogadores que têm como potencial de vir para a Ponte Preta, entender o quanto a Ponte Preta pode também pagar e estar contratando esses jogadores. Então a gente está sempre monitorando o mercado em relação a estar buscando novos atletas para a Ponte Preta para o momento de repente, uma ocasião de momento ou para o futuro.”






A terceira frente é o estudo dos adversários:






“E depois vem a análise do adversário. A análise do adversário, nós normalmente assistimos de três a quatro jogos do adversário, e ali estamos estudando a parte tática, a forma que joga, bolas paradas, e muitos detalhes aí que entram nessa análise do adversário também.”






Foto: Reprodução








Na Ponte, ele concentra todo esse trabalho praticamente sozinho:






“Hoje eu trabalho sozinho, eu que faço a gestão do departamento de análise e faço as análises também, então a Ponte Preta hoje só tem eu ali de analista, a gente comparando com alguns clubes grandes aí, tem clubes que tem cinco, seis analistas, então ali a gente faz um pouquinho de tudo e tenta ajudar o máximo possível.”






Diferentes treinadores, diferentes formas de usar a análise





Alê também falou sobre a experiência de atender técnicos mais jovens e outros bem experientes, com estilos distintos de jogo e de gestão. Ele lembrou o Água Santa de 2023, vice-campeão paulista, e citou nomes como Carpino, Neocinho Batista, Bruno Pivete, João Brigachi, Marcelo Fernandes e Alberto Valentim:







“Sim, com certeza, olha, eu tive a oportunidade de trabalhar com treinadores mais experientes, não digo, e treinadores mais novos, não digo em termos de capacidade, porque eu passei pelo Agua Santa em 2023, era um dos primeiros trabalhos do Carpino, e o Carpino foi vice-campeão paulista com aquele time, então, assim, estou dando dois exemplos, porque trabalhei também com o Neocinho Batista, o Neocinho Batista hoje tem mais de 70 anos, então, assim, você vê que é muita diferença de idade, e cada um, trabalhei também com o Bruno Pivete, no Agua Santa, depois trabalhei com o João Brigachi na Ponte Preta, agora, Marcelo Fernandes, Alberto Valentim, então, assim, primeiro, cada um tem sua forma de trabalho, uns necessitam muito do analista, porque já vem dessa questão, dessa evolução, de que eu necessito do analista, mas, assim, o analista para me passar informações importantes, para a tomada de decisão minha.”






Para ele, o primeiro passo do analista — especialmente quando é “da casa” — é se adaptar ao treinador que chega:






“O primeiro passo de tudo isso é nós, analistas, principalmente os analistas da casa, nos adaptarmos a quem chega, é o primeiro passo, porque eu tenho, de repente, muitas coisas para oferecer para o treinador, que na minha cabeça pode ser útil, só que nós precisamos entender se o treinador quer isso, e qual é a abertura que ele te dá para você apresentar algumas coisas.”






Favrin destaca ainda que a análise serve como apoio à tomada de decisão, e não como garantia de vitória:






“Também, não é porque eu tenho muitas coisas para oferecer, ou menos, que ele necessita, que o time vai ganhar ou perder. Análise, a gente enxerga que é o quê? São atributos que ajudam tanto o treinador, quanto o jogador, na hora de tomada de decisão, ou na hora de estudos do adversário, da própria equipe, e isso é um facilitador, não quer dizer que a análise vai ganhar o jogo ou não, então, a gente tem que estar muito ciente a isso.”






“Pisar em ovos” no ambiente do futebol





Por fim, o analista da Ponte Preta comentou sobre a sensibilidade necessária para conviver no dia a dia do futebol profissional, onde nem sempre a melhor intenção é recebida da maneira esperada:






“O mundo do futebol, que você conhece muito bem também, não é fácil você estar no meio do futebol, você tem que tomar muito cuidado, não digo o cuidado de coisas erradas, de trairar essas coisas, mas você tem que estar entendendo e conhecendo as pessoas que estão em volta, porque, às vezes, tem treinador que você vai dar uma opinião, que você acha que está ajudando, e ele não quer te ouvir naquele momento, então você tem que estar sempre pisando em ovos, sempre tomando esse cuidado.”