Durante o período de recesso no futebol, o Corinthians concentra esforços fora de campo para enfrentar uma de suas batalhas mais delicadas: a gestão da crise financeira. Com contas pressionadas e risco constante de bloqueios judiciais, o clube montou uma força-tarefa administrativa para evitar prejuízos ainda maiores.
Justiça vira aliada na tentativa de controle financeiro
O clube tem mobilizado seu departamento jurídico quase todos os dias para evitar que decisões judiciais bloqueiem seus recursos. Nesta semana, por exemplo, o Corinthians interveio duas vezes: na terça-feira, conseguiu liberar R$ 9 milhões e, na quarta, destravou cerca de R$ 420 mil.
Essas ações fazem parte da estratégia de aplicar o Regime Centralizado de Execuções (RCE), que organiza o pagamento das dívidas em uma fila única. Dessa forma, o clube impede que credores acionem a Justiça individualmente e prejudiquem o fluxo de caixa. Em abril, a Justiça de São Paulo reconheceu o regime, autorizando o uso da Lei da SAF. No entanto, o modelo ainda exige ajustes antes da homologação definitiva.
Na tentativa de avançar no processo de reestruturação, a nova diretoria se comprometeu, em recente petição ao tribunal, a entregar documentos contábeis que a gestão anterior não havia apresentado.
Dívida bilionária escancara o cenário crítico
Segundo levantamento publicado pela consultoria Convocados, o Corinthians lidera o ranking de endividamento entre os clubes brasileiros, com passivos que somam R$ 2,3 bilhões, ligeiramente acima do Atlético-MG. Após a saída do ex-presidente Augusto Melo, no fim de maio, o mandatário interino Osmar Stabile tornou pública a real dimensão do problema, revelando que as finanças do clube estão em situação extremamente delicada.
A administração anterior afirmava que o Corinthians possuía reservas suficientes para cobrir as obrigações mais urgentes, mas esse cenário não se confirmou após a troca de comando.
Venda de atleta pode garantir alívio temporário
Com dificuldades para manter os pagamentos em dia, a diretoria vê na próxima janela de transferências uma chance de obter algum alívio financeiro. A principal esperança está na possível negociação do jovem Breno Bidon, meio-campista formado nas categorias de base e bem avaliado no mercado internacional. Caso a venda seja concretizada, o valor arrecadado poderá contribuir para amenizar momentaneamente a crise enfrentada pelo clube.