Projeto também prevê eleição em dois turnos e regras rígidas para eventual transformação do futebol em SAF
Divulgação CorinthiansO Corinthians deu mais um passo rumo à modernização de sua estrutura política. O clube divulgou o arquivo completo do projeto de reforma do estatuto, que será apresentado oficialmente nesta segunda-feira, 27, no Salão Nobre do Parque São Jorge. O documento, com 89 páginas, reúne propostas de mudanças que pretendem redefinir a forma como o Timão se organiza internamente e se relaciona com seus torcedores.
Entre os pontos mais significativos, o novo texto garante o direito de voto aos membros do programa Fiel Torcedor, desde que cumpram critérios específicos. Para votar nas eleições presidenciais, que agora ocorrerão em dois turnos, o torcedor deve estar cadastrado e adimplente no programa há pelo menos quatro anos e contribuir com uma taxa mensal equivalente à metade do valor pago pelos sócios patrimoniais.
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Embora essa nova categoria não ofereça acesso às dependências sociais do clube, ela amplia de forma inédita a participação da torcida nas decisões políticas do Corinthians. Além disso, o texto permite que, após seis anos consecutivos de contribuição, o chamado “Sócio de Futebol” migre para o quadro social do clube e conquiste direitos plenos sem precisar adquirir um título patrimonial.
A proposta também direciona metade dos valores arrecadados com essa modalidade para a manutenção e as melhorias do Parque São Jorge, o que reforça o vínculo entre torcedores e o patrimônio corintiano.
Outra novidade está na forma de eleição dos conselheiros, que passará a ser individual, e não mais por chapas coletivas. O projeto também estabelece a cassação do mandato para conselheiros que faltarem a três reuniões consecutivas, uma medida que busca aumentar o comprometimento interno e a transparência nas decisões do Conselho Deliberativo.
O texto será analisado pelos conselheiros em meados de novembro, e a votação final, em Assembleia Geral, está prevista para dezembro, quando os associados poderão aprovar ou rejeitar as alterações propostas.
Um dos temas mais sensíveis da proposta é a possibilidade de criação de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O projeto autoriza essa transformação, mas impõe uma série de limites para preservar o controle do clube social.
Segundo o texto, o Corinthians manteria ao menos 51% das ações, garantindo que decisões estratégicas e políticas permaneçam sob domínio dos associados. Qualquer alteração nesse sentido exigiria o voto favorável de dois terços dos sócios com direito a voto, além da aprovação dos Conselhos Deliberativo e de Orientação.
Além disso, a proposta também proíbe que investidores externos assumam o controle majoritário da SAF, justamente para evitar que o futebol do Timão se torne uma empresa desvinculada da sua história e de sua base social. O modelo prevê que a sociedade empresária atue exclusivamente nas áreas do futebol profissional e de base, sem interferir nas demais atividades do clube.
Em documento oficial, o projeto afirma claramente que o Corinthians, portanto, só pode criar uma eventual SAF se a Assembleia Geral aprovar a proposta por, no mínimo, dois terços dos associados, após os órgãos internos do clube emitirem parecer favorável, o que reforça o compromisso com a democracia interna.
Com o texto em mãos, o Conselho Deliberativo se prepara para discutir os detalhes da proposta nas próximas semanas. A expectativa é de que o debate seja intenso, já que o projeto mexe em pilares históricos da estrutura corintiana, do poder político às formas de participação popular.