O Corinthians articula nos bastidores uma estratégia para reduzir a punição que impede suas torcidas organizadas de frequentar os jogos até dezembro deste ano. O Ministério Público de São Paulo impôs a sanção após registrar os episódios de violência ocorridos na final do Campeonato Paulista, contra o Palmeiras, na Neo Química Arena.
Clube busca flexibilizar sanção imposta pelo MP
Na tentativa de reverter parcialmente a penalidade, o advogado Leonardo Pantaleão, ex-diretor jurídico na gestão de Augusto Melo e atual consultor da presidência interina, se reuniu nesta terça-feira com Mauro Silva, vice-presidente da Federação Paulista de Futebol, e com o advogado Nilo Patrussi, na sede da FPF. Durante o encontro, o Corinthians apresentou argumentos para solicitar uma reavaliação do prazo de suspensão.
Internamente, o clube entende que a ausência das organizadas nas arquibancadas tem afetado o ambiente esportivo da equipe principal. Por determinação do MP, faixas, bandeiras, instrumentos e vestimentas com referências a grupos como Gaviões da Fiel, Camisa 12, Fiel Macabra, Pavilhão 9, Estopim da Fiel e Coringão Chopp seguem vetados nos estádios.
Estratégia
Além de negociar diretamente com a FPF, Pantaleão também mantém contato frequente com órgãos de segurança pública de outros estados. Com essa ação paralela, ele busca antecipar e organizar a presença da torcida do Corinthians em partidas como visitante. Para isso, ele procura alinhar previamente medidas preventivas com as forças policiais locais; dessa forma, garante uma logística segura aos torcedores e, ao mesmo tempo, evita possíveis confrontos com torcidas adversárias.
Além disso, como parte desse planejamento, o departamento jurídico do clube já incluiu dois compromissos fora de casa no foco da estratégia. Primeiramente, o Corinthians enfrentará o Ceará, no dia 16 de julho, em Fortaleza; em seguida, o clube medirá forças contra o Botafogo, no dia 27, no Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro. A partir desses jogos, o clube pretende colocar em prática sua política de organização e mediação, com o objetivo de construir um ambiente mais seguro e estável para sua torcida. Dessa maneira, o Corinthians avança na criação de um ambiente que prioriza a segurança e a convivência pacífica durante as partida.
Pressão após protestos no Parque São Jorge
A diretoria do Corinthians intensificou suas movimentações poucas semanas após os protestos promovidos por torcidas organizadas na sede social do clube, no início de junho. Naquele momento, os manifestantes aumentaram a pressão sobre a gestão e exigiram mudanças estruturais significativas, como o direito a voto para membros do programa Fiel Torcedor, além da responsabilização dos dirigentes que deixaram dívidas nas administrações anteriores.
Apesar disso, embora a diretoria interina, liderada por Osmar Stabile, tenha prometido evitar medidas com viés político durante o período de transição, os bastidores revelam uma realidade diferente. Isso porque a demissão de profissionais ligados à gestão passada, combinada com as recentes tentativas de reaproximação com as torcidas organizadas, acabou intensificando a tensão entre diferentes grupos dentro do clube.
Diante desse cenário delicado, o Corinthians concentrou seus esforços no avanço das negociações com a Federação Paulista de Futebol (FPF) e o Ministério Público. Além disso, o clube espera concluir as tratativas nos próximos dias para viabilizar o retorno gradativo das torcidas organizadas aos estádios. Assim, o Corinthians pretende contribuir para a pacificação do ambiente institucional, tanto nas arquibancadas quanto na esfera interna, promovendo maior harmonia em todos os setores do clube.