Treinador Implementa Estratégia Simplificada na Luta do Santos Contra o Rebaixamento
Com três vitórias consecutivas nas últimas partidas, o Santos experimentou uma reviravolta impressionante no Brasileirão. O artífice por trás dessa transformação é o treinador Marcelo Fernandes, que adotou uma abordagem de jogo simplificada na tentativa de evitar o inédito rebaixamento do Peixe no torneio.
Fundamentado em uma formação defensiva com cinco jogadores protegendo a entrada da área, o Santos abandonou o estilo de toque de bola envolvente, muitas vezes demandado por sua torcida, em favor de um ataque direto e eficiente com poucos toques na bola. A estratégia visa levar a bola para a área rapidamente, idealmente encontrando os pés de Soteldo e criando oportunidades para finalização de Marcos Leonardo. A seguir, apresentamos mais informações sobre a abordagem tática do Santos sob o comando de Marcelo Fernandes.
CONFIGURAÇÃO DEFENSIVA DE CINCO JOGADORES
A principal alteração implementada por Marcelo Fernandes no sistema tático da equipe foi a substituição da convencional linha de quatro defensores por uma formação com três zagueiros, o 5-3-2. Essa mudança tem como objetivo estabelecer uma espécie de barreira na entrada da área, com marcação em zona, ou seja, protegendo um espaço específico em vez de seguir os adversários individualmente.
No entanto, um detalhe notável merece destaque: a linha de defesa estabelece seu posicionamento até a marca da grande área. Essa estratégia visa proteger o gol sem recuar excessivamente.
No meio-campo, Rincón, Jean Lucas e Lucas Lima (com Nonato ocupando o lugar de Lucas Lima no jogo contra o Palmeiras) formam um trio defensivo, revelando uma vulnerabilidade do time de Marcelo: frequentemente, esse setor fica em desvantagem numérica em muitos lances, como exemplificado no confronto com o Verdão.
No decorrer do primeiro tempo, o Alviverde realizou um total de 15 finalizações em direção ao gol de João Paulo, das quais nove ocorreram de fora da área ou da entrada da mesma, destacando a vulnerabilidade do Peixe na área logo à frente de sua linha defensiva. Para tentar mitigar essa desvantagem, o treinador optou por liberar os alas para pressionar o portador da bola na região do meio-campo, mas mesmo assim, não foi o bastante para conter o ímpeto adversário.
Essa vulnerabilidade se deve, em parte, à escolha de Marcelo de adotar uma formação com dois atacantes, geralmente Soteldo e Marcos Leonardo, que inicialmente cercam o adversário nas jogadas iniciais. No entanto, essa decisão está mais relacionada ao plano ofensivo do que ao defensivo.
VELOCIDADE E CONCENTRAÇÃO NO ATAQUE
Apesar de utilizar uma linha defensiva composta por cinco jogadores, o Santos não se limita a uma postura defensiva em campo. A equipe tem uma estratégia clara de contra-ataque, centrada na habilidade individual de Marcos Leonardo e Soteldo, com o apoio de Jean Lucas pelo meio e as incursões dos laterais Lucas Braga (no lado direito) e Kevyson (no lado esquerdo).
Em geral, os ataques são conduzidos por um número reduzido de jogadores: no máximo dois dentro da área e mais dois na entrada da mesma, enquanto um dos laterais se lança à frente ou ingressa na área também. Essa abordagem é evidente na maneira como o Alvinegro marcou seus gols desde a chegada de Marcelo: cinco deles surgiram de bolas paradas (faltas, escanteios e pênaltis), enquanto apenas três foram marcados durante o jogo em movimento.
Nos escassos momentos em que a equipe detém a posse de bola e necessita construir seus ataques, os laterais, situados em diferentes pontos do campo, avançam na direção ofensiva. Ao mesmo tempo, Rincón é encarregado de iniciar a transição da bola, atuando junto aos três zagueiros, configurando assim um desenho tático de 3+1, fazendo referência aos três zagueiros e ao volante que coordenam a construção das jogadas ofensivas.
No entanto, essa formação deixa o Santos suscetível a contra-ataques, especialmente quando a equipe perde a posse de bola durante o processo de ataque. É importante ressaltar que o trabalho está em seus estágios iniciais, o que é natural que o time ainda não apresente um ataque altamente organizado nesta fase do processo.
Marcelo Fernandes não promoveu uma revolução completa no Santos e há ainda muitos aspectos a serem aprimorados. No entanto, é evidente que ele injetou uma nova dinâmica na equipe, que agora está em seu quarto treinador na temporada e continua a enfrentar a ameaça de rebaixamento para a Série B, uma preocupação latente nas etapas finais do campeonato.