O calendário do futebol brasileiro vive uma verdadeira maratona. Por conta do Mundial no meio do ano, a temporada começou mais cedo e os times tiveram pouco tempo para fazer a pré-temporada e com o começo do estadual na segunda semana de janeiro, estão jogando a cada três dias, com pouquíssimo tempo de descanso e preparação.
Questionado pelo TSP sobre a dificuldade de se preparar a equipe com um período de preparação tão curto e com tantos jogos em sequência, o treinador do Red Bull Bragantino, Fernando Seabra, foi firme ao criticar a atual situação do futebol brasileiro.
“Construir um padrão e entregar qualidade de jogo é um processo que depende de tempo, de longevidade. Mas além disso, é que entre os jogos, você tenha condições de praticar e dar a experiência vivida para o jogador no campo. Não que o jogador fique só vendo vídeo, só quadro e com isso ele tenha que entender o tempo-espaço das coisas”, começou o comandante do Massa Bruta.
“É uma pena que isso aconteça no futebol brasileiro, a gente tem potencial para entregar um espetáculo, com um certo nível de qualidade, mas em função da necessidade comercial, de expor esse produto com uma frequência exacerbada, a gente acaba com pouco tempo para fazer a manufatura e expõe um produto de pior qualidade. Aí é uma questão de como a indústria do futebol brasileiro está organizada”, complementou.
Além disso, Fernando Seabra comentou que apesar de ser um desejo dele e do clube de entregar um jogo de qualidade, só que com esse calendário é uma missão muito difícil, ainda mais jogando a cada três dias pelo Paulistão.
“Nisso, acabou acontecendo que neste início de ano, em especial, que o futebol é todo um sistema complexo, tem a questão do mundial, que vai cortar no meio do ano, o brasileiro teve que antecipar, o estadual antecipou ainda mais. Aí a gente precisa, tem o desejo de entregar um jogo de qualidade, agradar nosso torcedor, só que a gente não tem tempo para preparar a equipe e o jogador. Com três dias você não prepara ninguém, você recupera e joga, você prepara do ponto de vista estratégico, sem o cara ter colocado o corpo no campo e ter vivenciado o tempo espaço das coisas, é muito difícil. Só que é um desafio para todos, e todo mundo joga abaixo do que pode”, finalizou o treinador.