Vice-líder do Brasileirão Feminino, a Ferroviária começou com o pé direito no Campeonato Paulista da categoria. Com uma atuação dominante, goleou o Taubaté por 6 a 0 nesta quinta-feira, 7 de maio, e confirmou o bom momento dentro e fora de campo. O clube de Araraquara colhe os frutos de um trabalho de longa data.
Com tradição no futebol feminino desde 2001 — antes mesmo de gigantes como Corinthians, São Paulo e Palmeiras investirem na modalidade —, a Ferroviária consolidou uma estrutura profissional que vai além dos resultados em campo. Com títulos da Libertadores (2015 e 2020), Brasileiro (2014 e 2019), Copa do Brasil (2014) e Paulistão (2002, 2004 e 2013), o time das Guerreiras Grenás é reconhecido por sua organização e continuidade no trabalho técnico, como aponta a treinadora Jéssica de Lima.
Projeto de longo prazo com identidade forte
Em sua primeira experiência como técnica de uma equipe profissional, Jéssica já mostra sintonia com a filosofia do clube. Ex-jogadora, preparadora física e auxiliar, ela assumiu o comando técnico em fevereiro de 2024 com um discurso claro: manter a identidade da equipe e buscar conquistas sem abrir mão do processo.
— A longevidade é essencial para manter uma equipe competitiva. Quando não há continuidade, as atletas sofrem. Ainda enfrentamos resquícios de um modelo de futebol masculino — destacou Jéssica.
A treinadora ressaltou o compromisso com o desenvolvimento das jogadoras e com a preservação da cultura de jogo do clube, que tem forte ligação com a cidade e sua torcida.
— Vim para vencer. A Ferroviária tem uma torcida apaixonada e uma cidade que respira futebol feminino. Aqui, classificar no Brasileiro é obrigação — completou.
Estrutura e profissionalismo como pilares
Desde que se tornou SAF em 2022, a Ferroviária reforçou seu investimento no futebol feminino. Hoje, conta com cerca de 70 profissionais dedicados exclusivamente à modalidade, entre comissão técnica, fisioterapeutas, equipe de marketing e gestão de sócios. Um novo Centro de Treinamento está em construção, voltado para a formação de atletas entre 11 e 21 anos. A análise de desempenho também ganhou protagonismo, com profissionais dedicados tanto ao time principal quanto às categorias de base. Lara Fontenele, analista recém-chegada ao clube, elogiou a consistência do projeto:
— A identidade tática é compartilhada por todas as equipes, da base ao profissional. Esse alinhamento facilita a evolução das atletas — explicou.
Dentro de campo: versatilidade e evolução
A Locomotiva segue forte também nas competições nacionais. Mesmo após sofrer a primeira derrota no Brasileirão no último fim de semana, contra o Flamengo, a equipe mantém a classificação bem encaminhada para a próxima fase. Com flexibilidade tática, a Ferroviária alterna entre os esquemas 4-3-3, 3-5-2 e 3-4-3, de acordo com os desafios de cada partida.
— Diante das imprevisibilidades do jogo, quanto mais repertório a equipe tiver, maior a chance de marcar gols e evitar sofrer — resumiu Jéssica.
Em 2024, o clube mira encerrar o jejum de títulos iniciado após a conquista da Copa Paulista, no ano passado. Com elenco reforçado, um projeto sólido e uma comissão alinhada, as Guerreiras Grenás querem mais.