Justiça dá prazo final à Ponte sob pena de bloqueio de R$ 1 milhão

Clube deve liberar acesso a dados de conselheiros até quinta-feira; decisão envolve possível crime de desobediência

Por: Lucas Soares
2 horas atrás em 6 de novembro de 2025
Foto: Marcos Ribolli/Ponte Press



A Ponte Preta recebeu um novo ultimato da Justiça e corre o risco de ter R$ 1 milhão bloqueados caso não cumpra, até quinta-feira, 6, uma decisão judicial relacionada ao acesso a dados de conselheiros do clube entre 2018 e 2021. O prazo começou a contar nesta quarta-feira, 5, e o descumprimento pode gerar ainda multa diária de R$ 10 mil.

A determinação é da juíza Vanessa Miranda Tavares de Lima, da 7ª Vara Cível de Campinas, e envolve também uma empresa de tecnologia contratada pela Ponte. Ambas devem liberar, de forma imediata, o acesso completo às informações sobre conselheiros do período citado. O caso faz parte de uma ação movida por integrantes da oposição que questionam a exclusão de associados do Conselho Deliberativo antes da eleição de 2021, pleito vencido pela chapa MRP (Movimento Renascer Pontepretano), que levou Marco Antônio Eberlin à presidência.

A magistrada apontou que o clube e a empresa não cumpriram a decisão anterior, que determinava a liberação dos dados até 29 de outubro. A defesa da Ponte alegou ter cumprido integralmente a medida, mas a juíza classificou a justificativa como uma “flagrante inverdade”.

Na nova decisão, Vanessa destacou a “gravidade da conduta” e o “ato deliberado de obstrução”, atribuindo à Ponte e à empresa uma postura de “má fé” e “resistência injustificada”. Ela também citou indícios de crime de desobediência, já que o clube teria alegado uma suposta perda de dados, desmentida pela própria empresa envolvida no processo.

O despacho determina que a sessão de acesso aos dados seja realizada de forma remota e gravada, com o material sendo anexado ao processo em até 24 horas. O prazo é improrrogável, e o não cumprimento acarretará a apuração imediata de crime, além do bloqueio judicial do valor estipulado.

O momento jurídico delicado acontece enquanto a Ponte tenta lidar com graves problemas financeiros. O clube foi campeão da Série C do Campeonato Brasileiro, mas ainda enfrenta salários atrasados, alguns desde maio e junho. A diretoria justifica os atrasos afirmando que bloqueios judiciais em contas bancárias dificultam o pagamento ao elenco e à comissão técnica.

Além disso, o caso se desenrola em meio ao processo eleitoral da Ponte Preta. O pleito está marcado para 20 de novembro, mas apenas uma chapa foi registrada: a “77”, ligada ao atual presidente Marco Antônio Eberlin. A oposição, representada pelo grupo “Ponte Pode Mais”, não conseguiu reunir o número mínimo de assinaturas exigido para formalizar candidatura.

A Ponte Preta, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que não vai se manifestar sobre o caso.