Na noite de quinta-feira (6), o atacante Luighi, do Palmeiras, foi alvo de atos racistas durante a partida contra o Cerro Porteño, pela Libertadores Sub-20. O episódio, ocorrido no Estádio Gunther Vogel, gerou grande comoção e revolta. Em suas palavras, o jovem de 18 anos expressou a profunda dor que sentiu diante da agressão e o impacto que tal episódio trouxe não apenas para ele, mas também para a luta contra o racismo no futebol.
“Dói na alma” – O desabafo de Luighi
Após o ato de racismo, Luighi usou suas redes sociais para falar sobre o episódio. O atacante se mostrou profundamente afetado e refletiu sobre o racismo estrutural no Brasil e no mundo.
“Dói na alma. A mesma dor que todos os pretos sentiram ao longo da história, porque as coisas evoluem, mas nunca são 100% resolvidas. O episódio de hoje deixa cicatrizes e precisa ser encarado como é de fato: crime. Até quando? É a pergunta que espero não ser necessária ser feita em algum momento. Por enquanto, seguimos lutando”, escreveu Luighi.
O ato racista e a reação do jovem atleta
Durante o jogo, um torcedor do Cerro Porteño fez um gesto imitando um macaco enquanto segurava uma criança no colo, direcionando o ato ao jogador. Revoltado, Luighi deixou o campo chorando e, na entrevista à beira do gramado, não conteve sua indignação.
“Não, não. Sério isso? Vocês não vão me perguntar sobre o ato de racismo que ocorreu hoje comigo? Sério? Até quando vamos passar por isso? Me fala, até quando? O que fizeram comigo é crime, não vai perguntar sobre isso?”, questionou, visivelmente emocionado.
A resposta do Palmeiras e o apoio à vítima
Após a entrevista, o Palmeiras emitiu uma nota de repúdio ao ato racista e garantiu que tomará todas as medidas necessárias para que os responsáveis sejam punidos. O clube se comprometeu a buscar justiça e, de acordo com o coordenador das categorias de base, João Paulo Sampaio, o Palmeiras não descansará enquanto o racismo não for combatido.
“Primeiro a gente acolheu para que ele se acalmasse. Claro, começamos a reivindicar também com a própria polícia e com o terceiro árbitro, mas o próprio banco do Cerro estava indo contra, querendo que olhássemos para o jogo, tentando fazer parecer que aquilo era normal. E que é normal no país. Na lei de 27/11 do ano passado, o presidente Santiago Penha fala apenas em prevenção, mas isso não é crime, não tem sanção dura”, afirmou Sampaio.
O Palmeiras não aceitará impunidade
João Paulo Sampaio também comentou a postura dos responsáveis pelo episódio e reforçou a luta do Palmeiras contra a impunidade. Para ele, o clube continuará a combater o racismo de todas as formas.
“Se a gente tivesse abandonado o campo ou retirado a equipe, poderia ter ocorrido o mesmo que aconteceu com o Tabata, contra a mesma equipe, no mesmo país. O Tabata acabou punido, e o mais importante é que eles não vão vencer. Eles não serão mais fortes que nós”, concluiu.
A luta contra o racismo continua
Esse episódio reforça a importância de continuar a luta contra o racismo, tanto dentro quanto fora dos campos. O Palmeiras, assim como outros clubes e organizações, tem se posicionado contra atos discriminatórios, e a solidariedade à vítima é uma das principais formas de combate.