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MP analisa possível ligação entre Corinthians e PCC

Investigação analisa uso de cartões corporativos, imóveis ligados à facção e cobra explicações de jogadores e dirigentes do clube

Por: Pedro César Lélis
2 horas atrás em 16 de setembro de 2025
Meu Timão


O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) segue ampliando a apuração sobre as finanças e a gestão do Corinthians e agora analisa uma possível relação do clube com o Primeiro Comando da Capital (PCC). O inquérito, que começou para investigar o uso de cartões corporativos e relatórios de despesas da presidência, ganhou novos elementos depois de declarações de Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo, que afirmou em agosto que “o crime organizado se infiltrou” no Timão e relatou estar sofrendo ameaças.


 


Jogadores citados na apuração


O promotor Cássio Roberto Conserino pediu esclarecimentos aos atletas Fausto Vera, Rodrigo Garro e Talles Magno. O ponto em análise é se eles chegaram a morar em um apartamento no bairro Anália Franco, em São Paulo, ligado a José Carlos Gonçalves, o “Alemão”, apontado em outras investigações como integrante de destaque da facção criminosa.


Segundo o MP, os jogadores não são suspeitos de nenhum crime e foram convocados apenas como testemunhas. A promotoria busca entender se o Corinthians teve algum papel na intermediação do imóvel e os motivos da escolha do local.


 


Antecedentes


O Corinthians já apareceu em investigações relacionadas ao PCC. A Polícia Civil e o Ministério Público afirmam que recursos de um contrato com a antiga patrocinadora VaideBet foram direcionados a empresas ligadas à facção. Em 2024, o ex-diretor de futebol Rubens Gomes, o Rubão, levantou suspeitas de vínculos do clube com o crime organizado. No mesmo ano, investigações apontaram que Rafael Maeda Pires, o “Japa do PCC”, participou de negociações envolvendo os jogadores Du Queiroz e Igor Formiga.




 


Entrega de documentos e novos depoimentos


O clube informou ter começado a repassar a documentação solicitada pelo MP, que abrange o período de 2018 a 2025. Inicialmente, foram entregues apenas faturas de cartões de crédito corporativos, e depois relatórios de despesas da presidência. Até a última segunda-feira, a promotoria ainda não havia confirmado a checagem completa do material.


O Ministério Público marcou para a semana passada o depoimento de João Clóvis, dono de um restaurante acusado de emitir notas frias para o Corinthians na gestão de Duilio Monteiro Alves, mas a defesa conseguiu um habeas corpus e adiou a oitiva. O promotor convocou o vice-presidente Armando Mendonça para prestar esclarecimentos na próxima segunda-feira.


 


Crimes investigados


O Procedimento Investigatório Criminal (PIC), instaurado em 30 de julho, apura indícios de apropriação indébita, estelionato, furto qualificado, falsidade ideológica e associação criminosa no clube. Inicialmente focado no suposto uso irregular de cartões nas gestões de Andrés Sanchez e Duilio Monteiro Alves, o inquérito também passou a incluir os gastos do mandato de Augusto Melo.


No dia 21 de agosto, o MP pediu à Justiça o afastamento dos três últimos presidentes do Corinthians. O tribunal ainda não decidiu sobre o pedido, assim como sobre a quebra de sigilo dos cartões corporativos do clube.