Neste domingo (15), às 19h, o Palmeiras estreia no Mundial de Clubes de 2025, diante do Porto-POR, nos Estados Unidos. E sempre que o Verdão volta a disputar uma competição internacional, um tema inevitavelmente ressurge entre torcedores e especialistas: o título da Copa Rio de 1951, conquista que o clube considera seu primeiro mundial — e que ainda hoje gera debates no futebol brasileiro.
Maracanazo e a origem da Copa Rio
Para entender a criação da Copa Rio, é preciso voltar a 1950, ano do Maracanazo. A Seleção Brasileira, com campanha impecável, perdeu a final da Copa do Mundo para o Uruguai, no Maracanã, em uma das maiores decepções da história do futebol nacional. A derrota, diante de mais de milhares de torcedores brasileiros, deixou marcas profundas.
Para recuperar a autoestima do país, a então CBD (atual CBF) buscou junto à FIFA o aval para criar uma competição de clubes com caráter internacional e prestígio mundial. Surgia assim a Copa Rio Internacional de 1951, com a participação de clubes campeões de Europa e América do Sul, organizada no Brasil entre 30 de junho e 22 de julho.

Foto: Divulgação/Palmeiras
A competição
Representando o estado de São Paulo como campeão paulista de 1950, o Palmeiras se juntou ao Vasco (campeão carioca) como representantes brasileiros e enfrentaram clubes como Juventus (Itália), Nacional (Uruguai), Sporting (Portugal), Estrela Vermelha (Iugoslávia), Nice (França) e Áustria Viena (Áustria).
Na primeira fase, o Verdão enfrentou Juventus, Estrela Vermelha e Nice no Pacaembu. Classificou-se em segundo no grupo e, nas semifinais, superou o Vasco com uma vitória por 2 a 1 e um empate sem gols. Na final, o adversário era a poderosa Juventus, que contava com craques como Boniperti e os dinamarqueses Karl e John Hansen.
A decisão foi em dois jogos no Maracanã, palco da recente tragédia brasileira. O Palmeiras venceu o primeiro confronto por 1 a 0, com apoio de uma torcida brasileira, que buscava uma redenção. No jogo decisivo, em 22 de julho, após sair atrás no placar, o Verdão buscou o empate por duas vezes e segurou o 2 a 2, com gols de Rodrigues e Liminha, garantindo o título pela soma dos resultados.

Foto: Divulgação/Palmeiras
Repercussão mundial
A conquista foi celebrada como título mundial pela imprensa nacional e internacional. Jornais como O Estado de S. Paulo destacaram:
“…os jogos pela Taça Rio, principalmente o último, é claro, em que se evidenciou a possibilidade de o quadro campeão paulista obter o título de campeão mundial.”
Já A Gazeta Esportiva estampou em sua capa:
“Palmeiras, campeão do mundo!”
Na Europa, a competição foi reconhecida como o “Torneio Mundial de Campeões”, elevando o status da conquista alviverde.

Foto: Divulgação/Palmeiras
O reconhecimento da FIFA
No início dos anos 2000, o Palmeiras elaborou um dossiê histórico e buscou junto à FIFA o reconhecimento. Em 2013, a entidade enviou ofício confirmando ter participado da promoção do torneio. E, em 2014, após nova solicitação formal feita via CBF, a FIFA homologou o título como a primeira competição mundial interclubes da história.

Foto: Divulgação/Palmeiras
Apesar disso, há polêmicas. A FIFA afirma hoje que considera oficialmente campeões mundiais os clubes que venceram torneios a partir de 2000, ano em que a entidade passou a organizar diretamente o Mundial de Clubes.
Retorno
Neste domingo, com o Verdão novamente em campo no Mundial, o eco da conquista de 1951 ressurge como parte essencial da identidade do Palmeiras — tanto que o clube lançou uma camisa para a competição que exalta a conquista da Copa Rio.
Focado no torneio de 2025, o Alviverde estreia no dia 15, contra o Porto (POR). O duelo será às 19 horas (de Brasília), no MetLife Stadium, em Nova Jersey. Além disso, o Verdão ainda enfrenta, na primeira fase do torneio, o Al-Ahly (EGI), no MetLife Stadium, e o Inter Miami (EUA), no Hard Rock Stadium, nos dias 19 e 23 de junho, respectivamente.