O Santos deve anunciar nos próximos dias a saída de Pedro Martins do cargo de CEO. A decisão, ainda não confirmada oficialmente, ocorre em meio à crescente pressão de conselheiros e torcidas organizadas, que se intensificou nas últimas semanas. Internamente, a diretoria já trata a saída como provável, o que marcaria o fim de um ciclo de quase cinco meses do executivo na Vila Belmiro.
Contratações e polêmicas
Pedro Martins chegou ao Santos em dezembro de 2024 com o respaldo da gestão de Marcelo Teixeira e assumiu papel central na reestruturação do futebol. Atuou diretamente na montagem do elenco durante a janela do meio do ano e foi responsável por 11 contratações. Entre os reforços estão os zagueiros Zé Ivaldo (Cruzeiro) e Luisão; o lateral Léo Godoy (Athletico-PR); o volante Zé Rafael; os meia-atacantes Barreal (Cincinnati-EUA), Thaciano e Neymar; e os atacantes Tiquinho Soares, Rollheiser, Deivid Washington e Gabriel Veron (Porto).
Veron, aliás, protagonizou episódios de indisciplina nos bastidores, como atrasos e uma apresentação embriagado, o que resultou em multa e afastamento da partida contra o Grêmio — situação que também desgastou a imagem da gestão.

Marcelo Teixeira ao lado de Pedro Martins / Reprodução SantosTV
Declarações e desgaste com o Conselho
Outro ponto de ruptura foi uma entrevista concedida por Martins no dia 15 de abril, quando completava 100 dias no cargo. Na ocasião, o CEO fez críticas severas à estrutura do clube, com frases como “o Santos parou no tempo” e “o saudosismo vai matar o Santos”. As declarações causaram desconforto entre conselheiros, torcedores e até no mercado. O técnico Jorge Sampaoli, então cotado para retornar ao clube, recuou nas negociações após a entrevista.
A demissão do técnico Pedro Caixinha e a posterior contratação de Cleber Xavier também estiveram sob responsabilidade de Martins. A instabilidade no comando técnico contribuiu para o aumento da pressão interna.
Histórico e saída sob tensão
Formado em Administração e com MBA na Universidade de Liverpool, Pedro Martins tem passagem pela Federação Paulista de Futebol como vice de Competições, além de ter atuado em clubes como Ferroviária, Athletico-PR, Cruzeiro, Olé Brasil, QPR (Inglaterra), Vasco e Botafogo — onde chegou em julho do ano passado e participou da conquista do Brasileiro e da Libertadores.
Apesar do currículo, sua passagem pela Vila termina de forma turbulenta. A pressão popular e política se intensificou a ponto de dirigentes da torcida organizada se reunirem com o presidente Marcelo Teixeira para pedir sua saída. Houve inclusive ameaças, o que acabou sendo considerado o ponto final para a demissão.