Polícia Civil liga PCC a dirigentes de clubes paulistas

Por: Pedro César Lélis
4 meses atrás em 24 de junho de 2025
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A Polícia Civil de São Paulo identificou conexões entre membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) e dirigentes de quatro clubes de futebol do estado: Corinthians, São Paulo, União Barbarense e Água Santa. As informações constam em um relatório entregue ao Ministério Público na última segunda-feira, 23, como parte das investigações sobre o desvio de R$ 1,4 milhão no contrato firmado entre o Corinthians e a empresa de apostas VaideBet.



Rastro do dinheiro aponta para o crime organizado


Ao seguir o caminho do dinheiro desviado do Corinthians, os investigadores se depararam com indícios de atuação do crime organizado em outros clubes paulistas. No São Paulo Futebol Clube, aparecem movimentações envolvendo empresas suspeitas de ligação com o PCC, como a UJ Football e a Lion Soccer Sports, que intermediaram negociações de atletas. O União Barbarense, por sua vez, também utilizou essas mesmas empresas para contratar jogadores. Já o Água Santa foi citado por possíveis ligações diretas entre seus dirigentes e integrantes da facção criminosa.



Indiciados e nomes ligados ao PCC


O caso levou ao indiciamento de cinco pessoas por crimes como furto, associação criminosa e lavagem de dinheiro: Augusto Melo (presidente afastado do Corinthians), Marcelo Mariano (ex-diretor administrativo), Sérgio Moura (ex-superintendente de marketing), Yun Ki Lee (ex-chefe do jurídico) e Alex Cassundé (intermediário no contrato).


Além disso, o relatório inclui um diagrama que mapeia os vínculos de criminosos com o clube alvinegro. Entre os nomes citados estão Danilo Lima de Oliveira, o “Tripa” — apontado como operador financeiro do PCC —, Christiano Lino de Menezes e outros três já mortos em disputas internas da facção: Anselmo Santa Fausta (“Cara Preta”), Rafael Maeda Pires (“Japa do PCC”) e o delator Antonio Vinícius Gritzbach.


Ainda segundo as investigações, o valor desviado do patrocínio foi enviado à conta da UJ Football, empresa ligada a “Tripa”. Além disso, a operação contou com o envolvimento de outras firmas suspeitas, como a Rede Social Media Design, a Neoway Soluções — apontada como empresa de fachada — e a Wave Intermediações. Dessa forma, as autoridades aprofundam o caso, buscando entender toda a extensão das fraudes.



Estrutura paralela no Corinthians


O relatório também mostra que o Corinthians estruturou uma rede informal de poder dentro do clube. A diretoria nomeou dois membros da Gaviões da Fiel para cargos de confiança: Marcelo “Ninja” Sales assumiu o posto de chefe de gabinete da presidência, enquanto Rodrigo Daher, o “Capetinha”, ocupou a função de diretor de tecnologia. Além disso, os investigadores identificaram que Haroldo José Dantas da Silva, presidente do Conselho Fiscal após a eleição de Augusto Melo, mantém ligações com pessoas investigadas.




 


Investigação segue e inclui outros clubes


A Polícia Civil identificou que a maior parte dos episódios investigados aconteceu durante o mandato de Augusto Melo, que assumiu em janeiro de 2024, embora, antes mesmo da posse dele, os investigadores já tivessem rastreado conexões com o crime organizado. Além disso, o relatório mostra que os investigadores planejam abrir ao menos dez novos inquéritos para aprofundar as suspeitas sobre os demais clubes citados. No entanto, até o momento, as autoridades ainda não identificaram quais dirigentes do São Paulo participam diretamente das negociações sob suspeita.