A Portuguesa obteve um avanço estratégico na última quarta-feira, ao conseguir a aprovação do plano de recuperação judicial por parte de seus credores. A medida representa não apenas um reequilíbrio nas finanças do clube, mas também o início efetivo do projeto imobiliário que viabilizará o novo Canindé.
A Reeve vai bancar o investimento no novo complexo, que pode chegar a R$ 700 milhões. Para iniciar as obras, a empresa precisava que a Lusa liberasse os ativos vinculados às dívidas, incluindo o terreno. Com a aprovação do plano de recuperação judicial e a homologação pendente, o clube poderá ceder oficialmente esses bens à Reeve, destravando o negócio.
Caminho a ser seguido
A estratégia financeira prevê que a Portuguesa receba royalties pela exploração do espaço, o que permitirá a retomada da saúde financeira e a ampliação dos investimentos no departamento de futebol.
“Nosso projeto com a Portuguesa tem três pontos principais: o futebol, que estamos tocando, a reestruturação das dívidas da associação e, como consequência, a cessão do uso de superfície para a Reeve, que resultará no novo Canindé”, afirma André Berenguer, sócio da Tauá Partners e presidente do conselho da SAF da Portuguesa, em entrevista ao Pipeline. “Com a aprovação pelos credores, conseguimos cumprir uma parte importante do projeto para iniciar uma nova fase do clube.”
64% dos credores trabalhistas e 84% dos credores quirografários (classe 3) aprovaram o plano. O escritório E.Munhoz Advogados conduz o processo, que propõe a reestruturação de R$ 560 milhões em dívidas. A expectativa é que o juiz homologue o plano dentro de 30 dias.
Como a cessão dos direitos de uso vai gerar os royalties que bancarão os pagamentos, o modelo estabelece três anos de carência (exceto para credores trabalhistas) e quitação em até dez anos. O plano também aplica um deságio médio de 80%, o que reduz a dívida concursal de R$ 325 milhões para cerca de R$ 65 milhões.
A Reeve planejou inicialmente investir R$ 500 milhões no complexo, incluindo a arena e um clube recreativo. No entanto, a empresa estuda adicionar um hotel ao projeto, o que pode elevar o investimento total para R$ 700 milhões.
A previsão é de dois anos de obras e, segundo Berenguer, a expectativa é de “jogar no Canindé em 2028”.
Além disso, a SAF da Portuguesa negocia com a Reeve a possibilidade de antecipar o fluxo de recebíveis previsto apenas para quando o complexo estiver em plena operação. O contrato que regulará os royalties e o uso da área deve ser assinado até o fim de junho.
“A minuta está bem adiantada, mas temos, desde novembro, um acordo de investimentos assinado entre a associação, a Tauá e a Reeve”, finaliza Berenguer.