Canal do TSP no TelegramCanal do TSP no Telegram

Postos de gasolina do Corinthians têm ligação com facção

Três unidades licenciadas pelo clube em São Paulo aparecem em nome de empresários investigados por lavagem de dinheiro ligada ao PCC

Por: Pedro César Lélis
2 meses atrás em 6 de outubro de 2025
Posto de gasolina do Timão / Divulgação Corinthians




Três postos de combustíveis que utilizam oficialmente a marca do Corinthians funcionam em endereços registrados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) como pertencentes a alvos da Operação Carbono Oculto, considerada a maior já realizada contra o Primeiro Comando da Capital (PCC).


O clube afirma que não administra diretamente os postos e que eles são operados por uma empresa licenciada, responsável por intermediar os contratos de uso da marca. Segundo o Corinthians, o departamento jurídico acompanha as investigações e poderá adotar medidas legais, caso encontre irregularidades.


Os três postos licenciados como “Posto Corinthians” ficam na Zona Leste de São Paulo e aparecem na base da ANP com outras razões sociais:




  • Auto Posto Mega Líder Ltda. – Avenida Líder, 2000 (Cidade Líder);




  • Auto Posto Mega Líder 2 Sociedade Unipessoal Ltda. – Avenida São Miguel, 6337 (Vila Norma);




  • Auto Posto Rivelino Ltda. – Avenida Padre Estanislau de Campos, 151 (Conjunto Habitacional Padre Manoel da Nóbrega).




O Corinthians apresentou oficialmente essas unidades em 2021, 2022 e 2023 e divulgou as inaugurações em seu site institucional. Até hoje, o clube licenciou apenas esses postos para usar a marca.


Os registros da ANP e da Receita Federal indicam que os endereços pertencem a empresários investigados por envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao PCC. O posto Rivelino, por exemplo, está vinculado a Pedro Furtado Gouveia Neto. A Justiça o identifica como integrante do grupo chefiado por Mohamad Hussein Mourad, considerado peça central na estrutura financeira da facção.


A Justiça cita Neto como representante da GGX Global, empresa que prestaria serviços administrativos ao grupo de Mourad. Outro sócio do posto, Himad Abdallah Mourad, primo de Mohamad, atua, segundo os investigadores, na criação de empresas e operações usadas para lavar dinheiro.


De acordo com as investigações, Himad figura em mais de 100 postos de combustíveis ligados ao núcleo familiar de Mohamad.


Mega Líder e Mega Líder 2


Os outros dois postos que usam o nome e o símbolo do Corinthians, Mega Líder e Mega Líder 2, têm vínculo com Luiz Ernesto Franco Monegatto, também alvo da Operação Carbono Oculto. Decisões judiciais apontam que ele participa de empresas de combustíveis e de transações imobiliárias ligadas à lavagem de dinheiro do grupo investigado.


O posto Mega Líder apresenta divergências cadastrais: a Receita Federal o registra como Auto Posto Mega Líder Ltda., enquanto a ANP o identifica como Auto Posto Timão Ltda.. A agência considera a diferença irregular e informou que notificará os responsáveis para corrigirem os dados, sob pena de sanções administrativas, incluindo a suspensão da autorização de funcionamento.


O contrato de licenciamento do Auto Posto Timão foi assinado em abril de 2021, durante a gestão de Duilio Monteiro Alves, que afirmou que o acordo já existia antes de sua posse.



“Os aditivos contratuais autorizando as primeiras unidades passaram por todos os órgãos competentes do clube e foram firmados com empresas regularizadas. Não houve, durante a minha gestão, qualquer denúncia ou indício de irregularidade. Além disso, o contrato possui cláusula que assegura ao clube o ressarcimento por eventuais danos à sua imagem”, declarou Duilio.



O Corinthians reforçou que acompanha as investigações e que poderá revisar os contratos caso surjam evidências de irregularidades ou prejuízos à instituição.


O Ministério Público de São Paulo também investiga possíveis vínculos entre o grupo criminoso e antigas gestões do Corinthians. Entre as apurações, estão contratos de locação de imóveis usados por jogadores e notas fiscais de abastecimento em postos suspeitos de ligação com o PCC.


As investigações ainda estão em andamento, e os citados negam envolvimento em atividades ilícitas.