São Paulo mantém estrutura fechada e modelo preocupa torcida

Com milhões de torcedores, decisões seguem concentradas nas mãos de poucos conselheiros, impedindo mudanças no comando do clube

Por: Thiago Barbalho
2 semanas atrás em 8 de setembro de 2025
Foto: Rubens Chiri/São Paulo FC


Mesmo diante de críticas sobre a gestão e do momento de instabilidade dentro e fora de campo, o São Paulo Futebol Clube segue operando com uma estrutura política fechada, que dificulta a renovação de ideias e de lideranças. O sistema eleitoral indireto, baseado no voto de conselheiros e não do torcedor comum, mantém o poder concentrado nas mãos de um grupo restrito, que se reveza no controle do clube há anos.


A estrutura atual funciona assim: os sócios elegem conselheiros, e esses conselheiros (cerca de 370) escolhem o presidente. Ou seja, o torcedor que acompanha o clube no estádio, compra produtos oficiais ou participa de programas de fidelidade não tem qualquer influência real nas decisões. Na prática, o poder político do São Paulo segue nas mãos de nomes recorrentes, como os que participaram das gestões de Aidar, Leco e, atualmente, Julio Casares.


Essa repetição de rostos e alianças políticas levanta dúvidas sobre a capacidade de transformação da instituição. Para muitos torcedores e analistas, o São Paulo é hoje o clube grande mais distante de qualquer forma de democratização interna. A consequência é uma gestão pouco transparente e voltada a interesses internos, em vez de focada em resultados esportivos ou projetos de longo prazo.


Diante disso, começam a ganhar força movimentos que defendem a separação entre o clube social e o departamento de futebol, além da implementação do direito de voto ao sócio-torcedor. A ideia é aproximar o clube da sua torcida e diminuir o poder concentrado de pequenos grupos políticos. Modelos como o do Santos, que já permite esse tipo de participação, são usados como exemplo.


Ainda que mudanças no estatuto sejam difíceis e exijam mobilização interna, cresce o entendimento de que o São Paulo precisa modernizar sua governança. A repetição de estratégias, a falta de planejamento e o distanciamento da torcida têm custado caro — esportivamente e financeiramente.