Depois do título da Copa São Paulo de Futebol Júnior, o fisiologista da base do Tricolor, Gabriel Monteiro, concedeu entrevista ao Tudo Sobre Paulista e abordou diversos assuntos: quais as funções de um fisiologista, as características das diferentes idades nas categorias de base, os grandes nomes do elenco campeão e muito mais! Confira na íntegra.
O profissional de 23 anos começou o bate papo explicando qual a sua função no São Paulo e como influencia no elenco:
“Cara, o fisiologista tem a função principal de controlar e monitorar a carga dos atletas. Quando a gente fala carga, a gente está falando do volume de treino, a característica dos treinos também no campo, então a demanda física dos treinos no campo. Então a gente tem um papel muito de ser o respaldo técnico da parte fisiológica para auxiliar a comissão técnica a adequar melhor os treinamentos, a ondular melhor as cargas de treinamento para evitar lesões, evitar fadiga excessiva, que a gente sabe que é um problema gigantesco no futebol.”
Ele complementou afirmando que até a grande final contra o Corinthians, o grupo do Tricolor não teve nenhum caso de câimbra ou lesão durante o jogo. Também elogiou muito os seus companheiros de comissão técnica.
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Na sequência, foi questionado Gabriel sobre a sua experiência nas diferentes categorias na base do clube. Desde o Sub-15 até o Sub-20, quais as principais diferenças nos tratos dos atletas e no foco do trabalho. Segue a resposta:
“Cara, é muito diferente, assim, no aspecto maturacional, né, que é o ponto que você tocou, os atletas do Sub-15, alguns já estão… é até mais difícil, eu acho, trabalhar com o Sub-15 na parte física, se você quer saber, porque a gente tem um grupo mais heterogêneo. A gente tem um grupo que tem atletas que já estão maturados e tem os maturadores tardios, que são os atletas, às vezes, que são do final do ano ou que são do início do ano, mas são maturadores tardios, como eu falei. O aspecto de desenvolvimento físico dos atletas é muito diferente. Você tem um tato bom para lidar com as características individuais dos atletas, é mais difícil no Sub-15. Então, no Sub-20, a gente já está, por exemplo, no trabalho de força, muito mais voltado ao desenvolvimento mesmo. A gente tem trabalhos de força com cargas muito altas, a gente tem um trabalho de potência muito mais inserido no programa de treinamento deles. Já no Sub-15, principalmente para os atletas menos maturados, a gente ainda está trabalhando naquela fase do desenvolvimento motor.”
O fisiologista chegou ao São Paulo como estagiário e “escalou” as categorias de base, como é comum no time do MorumBIS nos últimos anos. O próprio treinador do Sub-20, Alan Barcellos, se destacou na campanha do Sub-17 e então ganhou uma oportunidade entre os juniores. É uma característica de trabalho que possibilita que profissionais formados pelo clube devolvam o serviço ao clube ao se desenvolverem nele.
Destaques da Copinha no profissional?
Comentamos também sobre o preparo dos jogadores e a possibilidade de alguns deles já atuarem na equipe principal em 2025. Com muitas dispensas, o elenco de Zubeldía ficou mais enxuto e o argentino teve de recorrer aos jovens em alguns momentos como opção.
“Os atletas estão muito preparados, cara. Eu acho que isso é algo a se valorizar. Os atletas estão muito preparados, cara. Você falou alguns nomes, o Ferreira, o Negruti, o próprio Hugo, que infelizmente na final teve uma lesão, que a gente ainda não sabe exatamente o que é, e está se investigando. Mas, enfim, cara, são atletas que estão muito fortes. Acho que é algo que ficou bem nítido ao longo da competição. E na parte física, eu acredito que grande parte deles estão bem preparados.”

Ryan Francisco fez seu 1º gol como profissional nos acréscimos para dar três pontos ao São Paulo contra a Portuguesa. Foto – Rubens Chiri / São Paulo
Até o momento, Ryan Francisco e Lucas Ferreira foram os que tiveram mais oportunidades no profissional. O mal momento do Tricolor no Paulistão não contribui com a adaptação dos garotos, uma vez que os resultados negativos trazem maior pressão ao elenco.
No fim, Gabriel pontuou a principal qualidade da equipe campeã da Copa do Brasil Sub-20 e da Copinha como a coletividade, com uma palavra – “Unidade”:
“Acho que isso foi algo que a gente conversou muito durante a campanha, sabe? A palavra que a gente mais usou ao longo da competição foi a questão da unidade. Nosso time é um time muito talentoso, tem muitos talentos individuais, mas a mentalidade de grupo desse time é algo que vai ficar marcado na minha memória pra sempre. Me ensinou muito sobre a questão do trabalho em equipe, literalmente, assim, sabe? É um time que não acreditava na individualidade por si só.”