Em um revés surpreendente para a atual administração da Associação Atlética Ponte Preta, uma parcela significativa dos conselheiros eleitos pela chapa Movimento Renascer Pontepretano (MRP) – responsável pela vitória nas eleições do clube – declarou abertamente um racha no apoio à gestão do presidente Marco Antonio Eberlin. Este grupo, representando quase metade dos 150 membros eleitos, pediu a renúncia imediata do mandatário através de uma carta aberta distribuída para a imprensa, na qual expressaram profunda insatisfação com o rumo tomado pelo presidente, citando uma crise financeira e o risco de rebaixamento do time.
O MRP, que surgiu como uma força de mudança prometendo renovar e profissionalizar a gestão do clube, assumiu o comando da Ponte Preta para o quadriênio 2022-2025, após uma vitória esmagadora contra a chapa DNA Pontepretano, que encerrou um domínio de 25 anos do grupo de Sérgio Carnielli. O movimento, no entanto, enfrenta agora desafios significativos após dois anos no poder, com alegações de “desmandos administrativos”, incluindo greve de jogadores e a precariedade das condições das categorias de base, levando ao despejo do CT em Jaguariúna por falta de pagamento.
A crise atinge seu ápice em uma semana particularmente difícil, com o time amargando uma sequência de dez jogos sem vitória na Série B e mergulhando na zona de rebaixamento. Além dos problemas esportivos, a diretoria batalha para cumprir compromissos financeiros com jogadores e comissão técnica, situação que levou a um silêncio protestante dos atletas.
Diante desse cenário, os conselheiros dissidentes sugerem a criação de um Comitê de Administração emergencial, aberto a pontepretanos do mercado, independente de inclinações políticas, com o objetivo de estabilizar e profissionalizar a gestão do clube. Enquanto isso, outra facção dentro do MRP ainda apoia Eberlin, reforçando a divisão interna e complexificando o quadro político do clube.
O grupo Tudo Pela Ponte Nada da Ponte (TPPNDP), um dos pilares fundadores do MRP, manifestou-se contrário ao pedido de renúncia, reiterando seu apoio a Eberlin e apontando a carta como uma possível violação do estatuto social do clube. Eles também questionam a legitimidade do grupo de conselheiros que pede a renúncia, acusando-os de perseguir interesses políticos em vez de priorizar a saúde fiscal e esportiva da Ponte Preta.
A situação na Ponte Preta evidencia a complexidade das gestões esportivas e o quão rapidamente o cenário político em um clube de futebol pode mudar. O que era uma chapa unida e determinada a reformar o clube há dois anos, hoje enfrenta divisões profundas e desafios que colocam em risco o futuro esportivo e financeiro da instituição.
**Nota Oficial dos Conselheiros do MRP:**
“Com o compromisso de resgatar a Ponte Preta das práticas ultrapassadas que prevaleceram por anos, nós, conselheiros eleitos pelo MRP, assumimos a tarefa de implementar uma gestão moderna e profissional. Contudo, a realidade desoladora que encontramos – uma ‘herança maldita’ de dívidas e problemas estruturais – exige agora mais do que jamais imaginamos. Em respeito à nossa torcida e ao estatuto do clube, clamamos por mudanças imediatas, que começam com a renúncia do presidente Eberlin e a instauração de um novo modelo de gestão, urgente e necessário para a sobrevivência da nossa querida Macaca.”